À procura de intimidade

Desde que a frase: "o particular é político." foi cunhada, decretou-se o fim da intimidade.Hoje, esta encontra-se em situação muito delicada. Ou será bruta? Os filmes pornográficos exibem uma relação animalesca no nível da intimidade física entre homem e mulher. O casamento é retratado de forma escrachada em filmes e séries. A insensibilidade reina. Nas redes sociais, nossos "amigos" nos ofendem por nada. Abrimos nossas vidas para estranhos por trás de uma tela em busca de aceitação e afirmação mas nos fechamos completamente para os que moram conosco, ignorando suas necessidades e aspirações. Queremos intimidade, profundidade nos relacionamentos mas o tempo presente está contra nós. Segundo o estudioso da modernidade Bauman, os relacionamentos do nosso tempo não são sólidos, são líquidos e fluidos. Instáveis. Muitos fatores concorrem para isso mas talvez o principal deles seja a recusa de viver a realidade na qual existe dor e sofrimento real. Preferimos nos encher de seriados cheios de pessoas inteligentes e interessantes do que travar relacionamento com nossos colegas de sala, por exemplo. Nas redes sociais, todos são felizes e liberados para se julgarem e julgar os outros pela capa. Um mundo de faz de conta no pior sentido. A falta de confronto gerada pela falta de contato com a realidade faz com que permaneçamos imaturos e apegados a ilusões. Só pessoas maduras tem relacionamentos profundos. Só elas tem visões profundas da vida e de si mesmas. Essa superficilidade é assassina. Nós não precisamos nos comprometer com nada mas também não tem ninguém para chamar de nós realmente. Só existe o meu eu e a minha relação com as representações inventadas dos outros para satisfazer meu narcisismo. Intimidade é uma necessidade legítima, mas nas trevas da ignorância e da indiferença não podemos conhecer a nós mesmos e nem aos outros. Deixar a razão guiar o coração é mais que necessário para que possamos viver como Homens, não como animais. Como dizia Elis Regina:  "Viver é melhor que sonhar e isso é uma coisa boa."